Vivo no tempo pra correr
Passo lento, mas largo
Curto, mas rápido
Vivo à beira do buraco
E caio!
Nem tão fundo
Eu escapo!
Se me afogo
Sobrevivo
Recomeço
Novo abrigo
Processo metamórfico
e/ou
Ressaca de formol
14 de maio de 2004
O mais longe que vou
É o lugar mais forte
mais fonte
mais mundo
mais fundo
Daqui
12 de novembro de 2009
Almamente
Liberto meu corpo
Morro!
Por um segundo
Ressurjo!
Me torno
Corpomente
Repouso!
Só sigo
No vão
Desse intento
Querer
05 de maio de 2006
.
atualiza-me que te atualizo
siga-me que te sigo
posta-me que te posto
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Show me your FACE , open your BOOK
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encoraja esse mundo
que suplica por outros
e se cria nas frestas
abertas
12 de julho de 2009
Num canto soprano
Vindo de dentro
Da soma dos seios
Sinto em uníssono
A sensação do murmúrio
-“Ai!”
30 de novembro de 2004
Sentir é simples. Complexo é fazer sentido.
Girando, girando, girando elipticamente
Pequenos pixels de ilusão
Alguém aquém do além
Do alto da montanha contemplo a lembrança do que ainda não senti
Transformando brisa em cheiro
Corpo que falha em mente doidente de alma confusa
Acionando o pulso em prol
-piegas- …. sem vergonha do amor
Um cadin de pensamento, com um pinguim de ilusão
Força na andança que o caminho é temperança
Escrivin-ânsia
Se emocione uma vez ao dia: transforme seu pensamento mais confuso em poesia
Lubrificando ansiedades
Do ponto ao distante
Costurando entrelinhas
Tem tanto algo que suavemente se vai
O tempo cantou promessa de um novo horário
Cenas de vida submersa em formas reais
Enquanto corro para o lado de lá da casa do oeste
Grifos de medo me impelem
Intercurso
Simulação do ideal
Tentativa de alcance
Em âmbito de guerra
20 de outubro de 2001
Mr. Óbvio era um senhor já de idade e vivia há muitos anos com sua velha companheira, Dona Dúvida. À mesa do jantar eles se postaram para um guisado com alguns dos seus grandes amigos. Em meio a piadas e causos da vida, riram muito e papearam madrugada a fora. Um pouco tímido e num lampejo reticente, Seu Destino vagueou o passado:
– Vocês se lembram daquela moça inteligente e bonita que colocou as cartas na mesa para ler um pouco do agora? Pois então, naquele dia, ela disse coisas que só hoje me fazem entender as decisões que a Srta. Vida tomou.
E, virando-se para o lado, Sr. Destino encarou o jovem que ouvia tudo pacientemente.
– E você Tempo? O que achou das palavras da cigana?
O Segundo passou e o moço frisou:
– Ela estava certa. A Lógica tinha razão!
14 de dezembro de 2004
Encontrar a lógica das coisas
É aplicar na nossa própria razão
O desejo de se ver livre da dúvida
06 de dezembro de 2004
Queria encontrar o máximo nos mínimos detalhes
Extrair o intervalo do tempo
Alcançar o topo da vontade
E, no ápice-instante do possível,
Morrer!
21 de outubro de 2006
Palavra é encanto
Som que precede
A luz do instante
Palavra é fortuna
Baú do fonema
Que tilinta aos ouvidos
Palavra é ruído
Entender que duvida
Do seu próprio sentido
idos de 2003
reeditado em 13 de outubro de 2005
A falta de impulso me corrompe
A espera do tempo me aflige
E meu rumo se altera
Num desentendido destino
Tempestivas respostas dos caminhos possíveis
Me acuam no beco dos réus
Cuja sentença se veste de declarada surpresa
Pelo julgo espontâneo do Acaso Juiz
28 de janeiro de 2005
Mágoa, mágoa, mágoa
Eu quero um pouco de água
Refresco
Refresque meus olhos
Que ardem, ardem, ardem
Mágoa, mágoa, mágoa
Eu quero um pouco de água
Refresco
Refresque meus olhos
Que ardem, ardem, ardem
Com trégua
Da mágoa,
Eu quero um pouco daquela
Água,
Que passa, que passa
Que passarinho não bebe
09 de agosto de 2003
reeditado em 08 de agosto de 2014
Quisera o tempo
Não ser relógio
O espaço
Não ser medido
Meu corpo
Não ser limite
Minha idéia
Não ser palavra
…se fora…
Não temeria
As horas
Não calculava
Meus passos
Não comprimiria
Meu ser
Não mataria
Razões
15 de outubro de 2005
Morro, já, pelo medo do fim dessa vida
E o que me mata é tal essa dor
Do desconhecido saber
A dor da minha morte é atual
Sinto-a agora, plena e medrosa
Aflição de viver
No esperar do momento
Mas o que me adoece é o sentimento vivo
Habitante fiel da incerteza:
Esperar a hora do grande repouso?
Ou viver para sofrer pelas mortes de outrem?
Tristezas que porventura irão conhecer minha vida
Aquelas que têm nome de falta
De desconhecida angústia
Que em eufemismo se presta como
Singela saudade
(em lápide bela)
02 de fevereiro de 2005
O amor não é bicho papão, nem ilusão.
Mas tem gente que vive pra dizer que ele só chega mais tarde.
Me disseram que eu era nova demais pra sentir tal amor
Que amor de verdade, a gente tem que sofrer, tem que ficar grandão
Durão, descrente com o resto da vida.
Santificam o amor,
O colocam num lugar tão alto, mas tão alto,
Que nem os braços mais ágeis e longos são capazes de alcançar.
Mas eu bato meu pé e minha cabeça
Pra dizer que o amor não tem lugar no mistério.
Isso, eu deixo pra Deus.
O amor é grande e tem pra todo jeito.
Ele não é de aço,
É líquido de aroma fresco e agradável,
Textura aconchegante de puro algodão
Tá aqui, tá aí e tá lá.
Ele corre entre a gente e no meio do mundo
Brinca de pega-pega, pique-esconde e amarelinha
Leva a gente no topo do céu e pede pra entrar na diversão.
Taí!
É só cair na brincadeira
E deixar o amor entrar.
-Entra, meu amor e vem me procurar!
Eu te pego na corrida e te deixo me encontrar
Vem, que aqui é o seu lugar!
14 de maio de 2004
Perdi minha história
Meus versos santificados
Pelos ouvidos de quem nada sabia
Mas que “tanta beleza” encontrava
Perdi meus escritos
“eu no meu tempo”
“como se eu fosse Hilda Hilst”
Minha “evolução”
Quem sabe
Sem eu própria saber
Tiveram vida própria
Chegaram quando conforto
E se foram quando memória
20 de abril de 2004
Hoje inauguro esse blog!
Depois de guardanapos, folhas rasgadas, últimas páginas de cadernos e muito digitar, tento deixar aqui, minhas versificadas percepções de mundo.
São exposições poéticas muito vividas e pouco conhecidas, que, volta e meia, tornam mais brandos os meus dias sensíveis.
1o. de junho de 2009.
Na cama de duas nuas mulheres
Somam-se ventres
Fecundam-se forças
Tão dentro sentidas
No encaixe dos seios e das coxas macias
A força habita
Em teso querer
De ter por tocar
E, no aconchego-encontro das portas-entranhas
Me abrigar
Nas vielas e vigas
Dos partos da vida
30 de novembro de 2004
Quero te sentir
Para saber
Até onde posso ir
Com o perigo
Do querer
Quero te saber
Para sentir
Até onde devo ver
O desejo
De fluir
07 de abril
Sinal verde para o encontro
Menina, te conto
Se for virtual,
Não faz mal
Se for entrelinha,
A gente se joga e se alinha
No tempo
05 de abril de 2011
Lindo sorriso,
Olhos franzidos,
Corpo inquieto,
Intensões fugidias.
Me perco lembrando o seu rosto,
Grifando os meus medos,
Sentindo seu cheiro,
Mistura inquieta da minha memória.
Delicada beleza
Moça feliz
Tão bem acompanhada
De outra beleza
Não te quero, antes que me esqueça
Te desejo!
Puramente.
Simplesmente, pelos contornos de quem imagina
Como seria se os nossos caminhos
Se cruzassem em qualquer dessas esquinas.
14 de fevereiro