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.Gif Poesia – manifesto

6 out

manifesto da .GIF Poesia

passos

22 out

após a quebra
foi seguir

no tempo
oco

na vida
opaca

na estrada
vazia

dona

21 out

diziam que era

forte, brava e corajosa

encontrou-se com o medo

e foi se atirar

Titubeante

4 ago

Viu um abismo profundo

Um lugar no olho do mundo

Que a fez se perder

Foi coragem tamanha

Uma força e tanta

Até o olho arder

Viveu em cada segundo

Buscando refúgios

Pra conseguir amanhecer

Tentava suportar o seu corpo

Todo o desconforto

De quase enlouquecer

Tentou seguir pela vida

Senhora incontida

Em pouco anoitecer

 

10 de outubro de 2016

Inverno

3 ago

Vejo nas ruas
Um monte de cachecóis
E longos sobretudos a caminhar
Sobre botas de cano alto
Ou seus engraxados sapatos
Que no toc toc dos passos
Fazem ouvir elegância no ar

Passeiam, às vezes,
Luvas e gorros
Recheados de corpos aquecidos
Acalentados logo pela manhã
Pelas lãs macias, compradas a dedo

E nas calçadas da Avenida Paulista
Abandonados ao chão,
Tênis sem cadarços,
Em farrapos gelados
Pela cidade fria
Que deles, só faz se desviar

 

Tímida

17 jul

Pelo gozo
Parece gosto?
Pela cama
Parece insana?
Pela vida
Fraqueja tímida

E quando o copo já não preenche mais
O corpo acuado não percebe mais os veios
Da pele cansada, da nuca molhada
Das pontas áridas dos dedos

O rosto de sobrancelhas apontadas para o centro
Desconfia
Do que não foi contemplado
Naqueles vinte anos em que tinhas
Desejo
Incômodos singelos
Sossego

E não sabias sequer
E não te importavas ainda
Com a chegada do tempo
E das mil e uma desculpas para adiar
A vida
O gozo
A cama

Pipocâncias: receio

17 jul

1 – Receio viver sem coragem

2 – Entre mim e o que há de melhor em mim, existe receio

 

Sombra

17 jul

Sombra-comp

Pipocos fotográficos: Sombra

Se sobra
Assombra
Aparenta
Sombra

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Selfie

17 jul

selfie

Pipocos fotográficos: Selfie

Autorretrato contemporâneo

17 jul

Pipocos fotográficos: Meço o peso

Pipocos fotográficos: Meço o peso

Pipocos fotográficos: Midienforco

Pipocos fotográficos: Midienforco

olho o quanto

Pipocos fotográficos: Olho o quanto

ranjo o tempo

Pipocos fotográficos: Ranjo o tempo

falo carro

Pipocos fotográficos: Falo carro

Ensaio originalmente publicado no Facebook no #desafioP&B em novembro de 2014

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Caminho de inverno para a Lapa

17 jul

Caminho de inverno

Juana queria

13 jul

Juana tinha pouca idade, mas muitas vontades.

Uma hora Juana jogava bola, na outra penteava sua única boneca.

Juana descia o morro na bicicleta só pra sentir o vento no rosto.

Depois subia tudo de novo, empurrando a magrela.

Ela tinha mania de escrever e rabiscar em qualquer folha de papel que via pela frente.

Quando não tinha papel, Juana pegava uma varetinha e riscava o chão.

Juana fazia graça para as visitas e gostava de decorar músicas.

Mas algo bem lá no fundo, que nem ela sabia explicar, atrapalhava Juana

Juana queria tentar ser do jeito que ela queria.

Disseram pra Juana ter paciência que a hora certa iria chegar.

Juana ficou triste. Ela não podia esperar.

Olharam bem no fundo do olho de Juana e disseram com um grande sorriso que ela teria um futuro brilhante.

Os olhos de Juana não brilharam

Ela ficou quieta, pensantiva só queria ter o presente.

Conversas

13 jul

Amiga ainda ficamos

Assim

Conversa meio aberta

Palavra inquieta

Que insiste no gargalo

Amiga

Num momento mais propício

Te digo

Era melhor ficar calada

Que cair na palavra errada

E ver os pés

Se meter pelas mãos

Amiga

Não vou mais lhe importunar

Esse samba não quer mais nada

Só insiste em me dizer

Que o caminho foi querer

Dizer só por dizer

Palavra errada

Estrada não guiada

Foi lá que fui querer

Insisti em não temer

E o assunto é pra lhe dizer

Em palavra

Solta sem querer

Por que é que fui dizer?

Palavra errada

Sobre os objetos de mim

10 jul

Aos ícones, plena me dou

Dos índices? Desconfio

Os símbolos, tento quebrar

 

Enfim

10 jul

E se a gente tiver que viver essa paixão

Profundamente, viveremos

Se a gente tiver que sentir na pele esse tesão

Sem dúvidas, nos encontraremos

E se a gente tiver que viver um tempo

Teremos o nosso próprio

Pra sentir tudo o que queremos

E trocaremos olhares

Entenderemos pesares

E deixaremos razões para traz

 

Viveremos esse pedaço de nós

Em prol de nos sentirmos plenas

Serenas

Mulheres

 

Conversaremos pelos poros da pele

E pelas papilas,

Nossos sabores encontraremos

E no enlace dos lábios,

Por nossas línguas, nos amaremos

E por ternos suspiros ao pé do ouvido

A nós, nos teremos…

…Enfim.

Águas a passar

10 jul

Me disseram que debaixo dessa ponte

Muita água vai passar

Em longos segundos

Algo no silêncio me fez pausar

Desejei,

Mansa corrente transcorrer

E no intervalo desse tempo vi surgir

Densa torrente transformar

Andança

8 jul

A vida e a poesia andam me ensinando a flertar
Mais com as miudezas

Andam me falando que é na leitura de entrelinhas
Que a gente aprende a levar certeza

Andam me contando que a nossa história é de riso, soluço
E surpresa

Que às vezes, tudo o que a gente quer ver
Vai às avessas

Que nas andanças, me dizem, a vida e a poesia
Pousarem vivas
Clarezas

Pipocâncias: como entro em guerra

28 jun

Minha arma é a Filosofia

Meu tiro, poesia

Boom!!

💥

Estranheza diária

19 jun

Ver, ler e viver a timeline. Sentir-se constrangidamente humano.

Nascer, renascer e morrer. Sentidos e razões do girar desse mundo. Da vida em nós. Dos nós na vida. Tantos amados se indo. Tantas sementes nascidas. Muitas das vidas se renovando em parabéns. Ficamos aqui, meio que no caminho de seguir…

Andemos!

Ps. O ontem e hoje: dias tristes. Dias que alguns grandes queridos se doem no fundo. Dias que outros tantos queridos se amam, se casam, comemoram. Dias que outros se indignam. Dias que alguns só pensam em pequenezas e ódios verborrágicos.

Dia de parar e pensar: o que faço, mesmo, da vida?

 

Mirror media

18 jun

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Um sábado qualquer
Por dentro e por fora.
#MirrorMedia

Pipocâncias: poesia

18 jun

A poesia está em todos os olhares e para todas as inquietações.

Pipocâncias: insistência

18 jun

Insistência de ser:

Viver ainda é a nossa maior resistência

Vivamos bem pra morrer melhor!

18 de junho de 2018

Pipocâncias do ser

18 jun

Todos os dias me preparo para morrer.

21 de abril de 2018

Pipocâncias: arte e poesia

18 jun

Quando a arte pulsa
A poesia impulsa

Ser junto

18 jun

Seja-se pleno
Plena-se ser

Sinta-se só
Pra sentir inteiro

Inteire-se junto
Pra ser completo

24 de abril de 2018

Pipocâncias: leve, levinho

18 jun

Bora ser leve,
Levinho
Que vida voa
Feito passarinho

7 de maio de 2018

Pipocâncias: Clave de Sol

18 jun

De som e sentido
A clave de Sol forma jeito de infinito

Um doce intenso lugar

12 jun

Existe um lugar em que os artitas se encontram

Existe um lugar que a sensibilidade confessa

Um lugar entre o gesto e o olhar que as palavras não cabem

Existe um lugar, nem cá, nem lá,

Um lugar do sentir

Esse mesmo lugar que se faz por poros, suspiros, vieses de olhares, sorrisos

Poetas se encontram

Se conversam, se trocam, se tocam sem pele, a sentir

Sem uma palavra rolar

Nas entrelinhas dos versos, conversas se vão

Os toques se encaixam e se vão

Certezas se vão

Existe um lugar

Um doce e intenso vão de um sublime lugar

Que só os poetas encontrarão

Fotografia

12 jun

Porta-retratos em prateleiras

Não eternizam momentos

Promovem desencontros do tempo

Tornam-se ideais

Quando aquela vividez não existe mais

Fotografias digitais

Marcas curtidas, amadas

Produzem sentidos, choros, sorrisos

E quando uma parte se parte

Ao infinito da vida de alguém

Fotografia se esvai

Não é memória, não é lembrança

É além

É querência serena de tentar desviver

Num click! Amém!

O mais impossível dos desejos

12 jun

Beijar a minha própria boca

Percorrer cada curva de mim

Me perder no mais sensível e penetrante olhar

Me aprofundar no desejo

Sentir cada arrepio dos poros

Por ali, escorrer

Me perder

No meu colo, me acolher

Pipocâncias: viver e morrer

12 jun

E por aí seguimos: olhando a morte pra entender a vida. Olhando a vida pra entender a morte.

Pipocâncias: Perdas é ganho

14 abr

Não tenho medo a temer. Porque com o que tenho a perder, só tenho a ganhar.

Ter o tempo pra sentir saudades: relato de quem tem vivido o mundo da janela

9 abr

Há, exatamente, três meses descobri que estava com câncer na tireóide. O chão se abriu, a parede ruiu e logo em seguida descobri que era um tipo com altíssimo índice de cura. Voltei a pisar no chão. Os números estavam do meu lado, me pontuou um amigo que tinha passado pela mesma doença. Gravei a boa sentença na cabeça e fui para o combate. A regra era: cirurgia, terapia, um tempo para ajustar o hormônio e pronto, tudo voltaria ao normal. Foi assim que alguns médicos me fizeram acreditar. Foi assim que alguns amigos e/ou conhecidos que passaram pela mesma situação (ou com entes próximos) tentaram me fazer acreditar. Só que não! Não foi assim que aconteceu. Não foi (não está sendo) tudo assim tão simples. Agradeço profundamente por não ter sido. Meu organismo se mostrou como um caso particular. Mas o mais importante foi descobrir que tinha muito entendimento pronto pra ser semeado nesse processo. Adoro pensar enquanto semeio! Mas já que os números estavam ao meu favor, não adiamos a planejada viagem. Foi incrível dividir o tempo dos pensamentos mais sérios (às vezes tensos) com as aulas de inglês, com o que deveríamos fazer nas horas vagas (comprar, passear, visitar, conhecer, etc) e conversar sobre o que viria pela frente. Reflexão. Sim, muita reflexão, minha e da Adriana Carvalho que vive junto esse momento comigo. De volta ao Brasil, hospital, avental, cirurgia e lá se foram duas paratireóides, a tireóide inteira, seus três tumores malvados e minha capacidade de produzir hormônios dali. Dores, muitas delas. Pós-cirurgia é chato… um dia a mais de hospital e comecei a passar mal. Ops! Acabei saindo do script. Alguns protocolos furaram. Passei muito mal e passo até hoje, com muito menor intensidade, é certo, mas ainda sinto boa parte dos efeitos. Além do clássico estômago devolvedor de mal-entendidos gastronômicos, o cansaço exacerbado e os músculos desobedientes. Vontade?! No máximo, ir dar bom dia, boa tarde, boa noite para as orquídeas e hortaliças orgânicas do quintal. Sistema quarto x quarto. Quarto – banheiro – quarto – sala – quarto – cozinha – quarto – quintal (varanda) – quarto. Está de ótimo tamanho. Isso, sem comentar a fase pré, durante e pós-terapia radioativa. Se eu relatar, vai ficar parecendo ladainha e eu prefiro tirar um pouco do peso. Disso tudo, o mais maravilhoso foi me envolver de um calor de amor indescritível. Fiquei pequena, sim, mas reconhecer a grandeza de estar ao lado, ouvir a voz, sentir os cuidados de quem a gente ama e escolheu pra ser família, não tem descrição de tamanha gratidão de amor.

Mas o que expresso é relato, não é reclame. Apesar dos incômodos que ainda insistem, cada segundo tem sido uma dádiva de reflexão, pois tem me permitido pensar sobre as coisas, sobre os mundos, os projetos, as ideias, as importâncias, as relevâncias, as reações, os entendimentos. Ficar em estado de hipotireoidismo severo por tanto tempo, me deixou calma, contemplativa, serena, quieta, lenta. Muito lenta. Muito lenta, mesmo, mesmo, mesmo. Isso foi e está sendo importante. Olho no retrovisor da memória de poucos meses atrás e consigo me enxergar ligada em 550 volts, trabalhando muitas vezes 14h/dia, lotada de afazeres e responsabilidades, com quase todos os prazos estourados ou prestes a estourar. Passava, até o final do semestre passado, o dia lamentando (com razão) o cansaço extremo. Uma estafa automatizada que me fazia cada vez mais frustrada, mais cansada e com a sensação de dever incompleto.

Mas eu fui obrigada a parar e ver o mundo em câmera lenta. Tem seus prejuízos, claro: o salário minguado pelo INSS, a bicicleta empoeirada, o ânimo desanimado, os tais mal-entendidos gastronômicos insistentes, os cansaços persistentes… Mas tudo isso é muito rico e me dá a oportunidade de vivenciar outras perspectivas. O fato é que com a internet e as mídias sociais, o mundo me mantém muito ativa, com uma janela que me transporta e faz permanecerem vivas, as minhas inquietações discursivas. Mas vejo, aqui desta janela, quase todo mundo ainda imerso no corre-corre, no “tô sem tempo“, “perdi o prazo“, “cansei do dia”, “quero férias logo”, ou no “vou ter que desmarcar”, que viraram frases prontas da rotina de quase todos nós. Eu estava nessa. Talvez eu volte em breve para esse redemoinho frenético. Tomara que não! Tomara que eu releia este texto e me faça relembrar deste tempo presente e que possa fazer dele, presença certa no futuro bem próximo. Eu quero manter o tempo da contemplação. Eu quero manter o olhar que dá voltas pelo lado de fora. Eu quero manter a paciência para o entendimento. Sem explodir por dentro. Sem explodir por fora.

Mas, antes de tanto querer, eu preciso agradecer, pois voltei a perceber a saudade, voltei a sentir saudades sinceras. Da família, dos amigos (dos idos e dos ‘hojes’), de muitos queridos colegas de trabalho, dos alunos que são pérolas, das crianças, dos bichos. Sinto saudades!! Muitas saudades! Não estou mais esgotada. Não sobreponho a estafa aos melhores dos meus meus pensamentos. É muito rico pensar em alguém que gosto e sentir vontade de ficar alguns minutos conversando, sem pressa. Tem tantos de vocês, meus amigos, que estão vindo e voltando assim, em minhas saudades serenas. É maravilhoso sentir – em tempo e no tempo – o lado mais puro da saudade.

Sinto saudades sinceras!

Texto feito e publicado no Facebook em 3 de setembro de 2014

Pipoco

1 abr

Pipoco é repente

Explosão de verso

Implosão de impulso reverso

Pipoco é sentido

Atento, medido

Palavrinha ideal

Pipoco atemporal

Palavra aberta

31 mar

Poesia, palavra aberta

Quando musicada,

Penetra

Platôs

30 mar

Pairo em platôs de sonhos

Sempre à procura de algum lugar longe de mim aqui e agora

Vivo dos respiros dos desejos

Tecendo histórias do impossível viver

Pairo em platôs de encantos

Ando num tempo que não é meu, nem seu, nem de lugar algum

Segredos de mim revelados

Nas costuras das minhas próprias veias

Suspiros platônicos de imaginação

 

 

Pipocâncias: Entendedoras

30 mar

Para a boa conversa poetizada

Uma entrelinha basta

Silêncios

29 mar

Ouço gotas de chuva a respingar
Ouço com elas, soluços
Ouço o balanço do meu manacá
Ouço o pouso do tempo
Contemplo
Por dentro
Ouço ruídos
Ouço silêncios
Bem mais sonoros no fundo de mim
Que nas plumas ao vento

Reticência

27 mar

O que me liga é essência
O que me torna
O que me vida, reticência
O que me forma

O que me olvida, me seduz,
O que refaz
Me transforma, liquefaz

Amor de mulher

27 mar

Tenho um amor aqui ao lado
Um amor de alma
Um amor de pele calma
Um amor de mãos corajosas
Um amor de seios fartos
Um amor de dedos fortes

Tenho um amor mulher aqui ao lado
Que se deita e me encaixa
Sob os mesmos lençóis
Que sutil me entrelaça
E em mim me desperta
O arrepio nas coxas

Tenho um amor mulher aqui ao lado
Um amor que me inunda
Um amor que aprofunda
O melhor do encontro
Mulher
Com outra mulher