Não há metáfora
Para subentender
A dureza crua
Dos dias do mundo
Não há como dissimular
Ou encobrir
A fria certeza
Do tempo ruir
Dias sombrios
Tardes sem paz
Gritos de horror
Medo. Caos.
Intolerância é só de existir
Das vielas e guetos
Aos cantos destroçados de Alepo
Nem lágrima sobrou pra cair
Marcha ré engatada
Do Brasil golpeado
Ao Trump domínio
Delírio D.C.
Sucumbe-se
Sepulcra-se
Desacredita-se
Desfaz-se
A vida,
A sensatez,
A harmonia,
O amor,
O sonho,
Sorriso
Desata
Guerreia
E mata
Mas encarna meu ser
Inebriada espera
Por esfacelados pedaços
A refazer
19 de dezembro de 2016